sexta-feira, 4 de junho de 2010

Soja transgênica x Soja convencional, viabilidade econômica, ambiental e saúde humana.


Soja transgênica x Soja convencional, viabilidade econômica, ambiental e saúde humana.

Atualmente os Organismos Genéticamente modificados ( transgênicos ) são alvos de muitas discuções na sociedade mundial principalmente no que diz respeito a sua real viabilidade econômica, ambiental e a saúde humana o que será visto no decorrer do texto, onde será abordado a real viabilidade ou não da soja transgênica em relação a convencional, para isso terei como base o texto “SOJA TRANSGÊNICA versus SOJA CONVENCIONAL:

“UMA ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS E BENEFÍCIOS” que tem como autores Victor Pelaez, Leide Albergoni e Miguel Pedro Guerra e foi publicado no “Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 21, n. 2, p.279-309, maio/ago. 2004”.

Para iniciar é interessante adotarmos um pequeno conceito sobre transgênicos, podemos dizer então que transgênicos são organismos que, mediante técnicas de engenharia genética, contêm materiais genéticos de outros organismos, buscando características novas ou melhoradas relativamente ao organismo original. Os cultivos transgênicos tiveram um grande aumento no seu plantio a partir dos anos 2000 em todo o mundo passando de 1,7 milhões de hectares em 1996 para 58,7 milhões de hectares em 2002, sendo que mais de 62% dessa área corresponde ao plantio de soja transgênica, o que leva essa grande aumento no plantio são discursos que tentam convencer e em grande parte convencem que a soja transgênica é mais viável tanto no quesito econômico quanto no ambiental, pois ela diminui os impactos ambientais e do solo devido a uma menor quantidade de agrotóxicos que são utilizados no seu cultivo, a tolerância aos mais diversos tipos climáticos e de solos, aumento na produtividade devido ao menor número de pragas que atacam esses organismos, redução no custo do plantio, sementes com características melhoradas qualitativa e quantitativamente, tudo isso é muito explorado pela empresa que detém a patente desse cultivo que é a multinacional Monsanto.

Estudos mais avançados sobre a produção de soja transgênica nos EUA, nos mostram uma realidade e um discurso um pouco diferente desse feito pela Monsanto em relação a soja transgênica, veja a tabela a seguir:

. Quantidade de herbicidas em estados dos EUA, em 1998.

Total de herbicidas (kg/ha)

Estado soja transgênica x convencional

Arkansas 1,68 x 1,03

South Dakota 1,59 x 1,08

Minnesota 1,29 x 0,94

Tenessee 2,00 x 1,54

Iowa 1,57 x 1,21

Indiana 1,19 x 1,04

Ohio 1,31 x 1,17

Mississipi 1,59 x 1,55

Kentucky 1,26 x 1,22

Louisiana 1,51 x 1,50

Illinois 1,22 x 1,29

Kansas 0,95 x 1,03

Missouri 1,38 x 1,50

North Caroline 1,28 x 1,46

Nebraska 1,39 x 1,63

Michigan 1,15 x 1,65

Média dos estados 1,37 x 1,21

Fonte: Benbrook (2001a ); Usda (1999) Agricultural Chemical Usage, 1998, Vegetable Summary.

Entre os 14 estados avaliados, 10 apresentaram um consumo superior de herbicidas para a soja transgênicas em relação as variedades convencionais, isso demonstra o comportamento distinto das diferentes cultivares de soja transgênica, que apresentam respostas diferenciadas em relação às mudanças ambientais de cada região produtora (estresse hídrico; fixação de nitrogênio; solo; cultivo), esse estudo contesta e muito o discurso ambiental quanto ao uso de agrotóxicos que seria menor no cultivo transgênicos, o que não é verdade, o que é verdade é o uso de uma menor variedade de agrotóxicos mas não de uma menor quantidade deles.

Em relação à produtividade que a Monsanto afirma ser maior da soja transgênica em relação a soja convencional pesquisas realizadas pelo Usda nos EUA no estado Iowa em 1998 não demonstrou a mesma perspectiva, nesse estudo foram analisados uma amostragem de 365 campos de cultivo, a produtividade média observada da soja GM foi de 2,96 t/ha, enquanto a da soja convencional foi de 3,07 t/ha, em 2000 esse estudo foi retomado, tendo sido observados 172 campos de cultivo, dos quais 108 (63% do total) utilizavam soja GM. A produtividade da soja GM foi de 2,9 t/ha, enquanto a da soja convencional atingiu 3,0 t/ha, o que corresponde a um valor 3,7% superior ao da GM. A diferença de produtividade manteve-se praticamente a mesma em relação a 1998. Veja a tabela a seguir que mostra as diferenças de produtividade entre a soja transgênica e a convencional das cinco melhores variedades em oito estados dos EUA em toneladas por hectare.

Estado conv x trans

Illinois 4,37 x 4,37

Iowa 4,30 x 4,03

Michigan 4,98 x 4,64

Minnesota 4,91 x 4,51

Nebraska 4,37 x 3,90

Ohio 4,51 x 4,24

South Dakota 3,63 x 3,36

Wisconsin 5,72 x 5,51

Média 4,60 x 4,32

Fonte: Benbrook (1999), baseado em Oplinger (1999).

A partir da tabela podemos fazer uma análise comparativa de produtividade das cinco melhores variedades de soja transgênica e convencional em oito estados nos EUA, vemos que em sete a soja convencional tem uma produtividade maior em relação a transgênica, e apenas no estado de Illinois é que elas se equivalem em produção. Esses índices desmentem a superioridade na produção dita pela Monsanto da soja transgênica em relação a convencional.

Mas ainda o mais importante em relação a soja transgênica está no que diz respeito a saúde humana, se realmente ela é viável para a alimentação dos seres humanos, pois ainda não há estudos que comprovem totalmente a não nocividade da mesma aos humanos, pois já foram detectados vários casos de alergias provocadas pela ingestão desse organismo genéticamente modificado, pois segundo alguns cientistas que estudam os mesmos quando você retira parte das informações genéticas de uma espécie e a recombina com as informações genéticas de uma outra espécie pode ocorrer que juntamente com as características que irão beneficiar essa espécie que recebeu essas novas informações poderão estar contidas características que irão prejudicar a saúde humana, como por exemplo a produção de novas toxinas que anteriormente não eram produzidas pela planta, podendo causar sérios danos a saúde das pessoas a curto médio e longo prazo.

Ainda dentro dessa questão da soja transgênica existem vários outros fatores envolvidos que o uso desse organismo pode trazer ao meio ambiente e aos seres humanos e a própria economia como por exemplo: A tecnologia “terminator” que consiste na introdução de genes no genoma das plantas que tornam estéril uma segunda geração de sementes, o que obrigaria o produtor a comprar todo o ano novas sementes da em pressa que patenteia essa tecnologia; A tecnologia “traitor” que consiste em alterar geneticamente uma planta para que a expressão de determinadas proteínas em um vegetal fique condicionada a aplicação de uma substancia química capaz de ativá-la ou não nessa planta, como por exemplo proteínas essenciais aos seres humanos; A eliminação de microorganismos e insetos do ecossistema, diante da exposição dos mesmos a substancias tóxicas produzidas por determinadas plantas GM; A contaminação de culturas convencionais por culturas GM; A exclusão dos pequenos agricultores em razão da cobrança de royalties pelo plantio dessas sementes; Entre muitas outras que podem afetar toda a dinâmica das comunidades bióticas.

Referências:

Cadernos da Escola de Direito e Relações Internacionais da UNIBRASIL

Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 21, n. 2, p.279-309, maio/ago. 2004

Leitura complementar:

SOJA TRANSGÊNICA NO BRASIL: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS PARA OS PRÓXIMOS ANOS/ Antônio Carlos Roessing Doutor em Economia Rural e pesquisador da Embrapa Soja; E; Joélsio José Lazzarotto Pesquisador da Embrapa Soja e doutorando em Economia;

Nome: Maiquel Ivan Rossato


4 comentários:

  1. Maiquel,
    parabéns pela tua postagem; é um tema interessante, atual, bem escrito e que trás realmente informações importantes para sustentar a luta contra os OGMs. Faço apenas uma pequena ressalva quanto ao formato da tua postagem. Sem intercalar nenhuma figura ou vídeo, o texto acaba ficando meio "pesado". Preocupe-se um pouco mais com isso da próxima vez, e ficará show!!

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  2. Os transgênicos



    Organismos transgênicos, ou organismos geneticamente modificados (OGMs), são animais e plantas que sofrem modificações geradas pela transferência de características (genes) de uma espécie para a outra.
    Nesse contexto, os alimentos transgênicos são produzidos através da engenharia genética. Obtêm-se assim, dentre as muitas possibilidades, feijão com proteína da castanha-do-pará, trigo com genes de peixe, tomates que não apodrecem, milho com genes de bactérias que matam insetos e soja resistente a herbicidas.
    O objetivo, segundo a corrente de cientistas que defende a sua comercialização, é equacionar problemas na agricultura criando espécies mais resistentes, aumentando a produtividade e minimizando, por consequência, a incidência da fome em países do Terceiro Mundo.
    Do outro lado estão os ambientalistas e a corrente de cientistas que não concordam com esses argumentos e ainda acusam a indústria patrocinadora dos transgênicos de não ter providenciado testes suficientes para comprovar, ou não, os possíveis perigos causados pela manipulação genética dos alimentos na saúde das pessoas e no meio ambiente e de não orientar os consumidores sobre os cuidados a serem tomados.
    Os americanos cultivam plantas geneticamente modificadas desde 1994 e estima-se que, nos próximos cinco anos, suas exportações sejam compostas de 100% de transgênicos ou de produtos combinados a eles.
    No Brasil, a discussão gira principalmente em torno da soja transgênica resistente ao Roundup, um poderoso herbicida que mata qualquer planta. Tanto o Roundup como a soja RR (Roundup Ready), que resiste ao veneno pela inserção de três genes encontrados em algas e bactérias, são produzidos pela empresa multinacional Monsanto, uma das detentoras da tecnologia no mundo, ao lado da Novartis, da Agrevo e outras.
    Algumas curiosidades:
    2,5 bilhões é o número de pessoas que consomem, direta ou indiretamente, alimentos transgênicos no mundo.
    283 mil quilômetros quadrados são hoje ocupados no planeta por plantações de transgênicos, uma área equivalente ao Estado do Rio Grande do Sul.
    Quatro são as principais culturas transgênicas: soja, milho, canola e batata.
    60 por cento dos alimentos industrializados produzidos nos Estados Unidos contêm algum tipo de transgênico em sua composição.
    Seis são os países que mais produzem transgênicos no mundo: Estados Unidos, Canadá, México, Argentina, China e Austrália.
    1983 foi o ano em que foi criada a primeira planta transgênica: um tabaco resistente a antibiótico.
    22,3 milhões de hectares é a área no mundo onde estão sendo plantadas as sementes genéticas da Monsanto.


    por
    Maiquel da Silva Souza


    FONTE:

    RAMOS, Jaqueline B.; SANMATIN, Pedro Álvares. Transgênicos - A controversa interferência na genética da natureza 2000. Disponível em: http://www.institutoaqualung.com.br/info_trans39.html. Acesso em: 17 jun. 2010.

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  3. Boa noite professor:
    Desculpa, tive que deletar o que havia enviado anteriormente porque o arquivo foi "anônimo". Também não conseguir enviar o texto com a foto.
    att. Maiquel da Silva Souza

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